terça-feira, 6 de novembro de 2012

Uma grande lição


 
Ganhei um novo vizinho.

Ocorre que este vizinho, por mais incrível que possa parecer, é um vizinho  por todos os lados da minha casa.

Está, num momento, na frente da casa, noutro momento está na parte dos fundos, de repente aparece num lado, logo em seguida noutro lado e, pasmem, o seu lugar preferido de exercer o direito de vizinho é em cima do telhado. Eu e minha mulher nos perguntamos: será que este vizinho vai querer saber da nossa vida nos mínimos detalhes?

Francamente não gostamos nada deste nosso vizinho.

Estávamos, eu e minha mulher, dentro de casa, ela dando um jeito na cozinha enquanto eu reinava no computador, quando fomos surpreendidos com barulho infernal lá no quintal.

Corremos para ver o que era e, adivinhem.

Era o nosso vizinho que da sua casa fazia um barulho infernal.

O Som estridente, sem obedecer nenhum compasso, agredia os nossos ouvidos e nós começamos falar alto que aquilo estava nos incomodando.

Qual nada o vizinho nem ligava para a nossa tentativa de fazê-lo parar com a barulheira.

Aquilo era uma sinuca de bico. Como sair dela.

A reunião de nós dois acabou por criar muitas opções.

Comprar uma espingarda de pressão e meter tiro perto dos pés do nosso vizinho foi eleita a melhor opção.

Não chegamos a comprar, pois aventamos a possibilidade de errar o tiro e ferir o vizinho, o que nos traria problema.

Resolvemos cantar música ruim para incomodar o vizinho, mas ele nem ligou e continuou a fazer o barulho incrivelmente insistente.

Os desavisados desta vida, e eu e minha mulher estamos nesta amostragem, quando apresentam o sentimento de renúncia, ou seja, aguentar o barulho do vizinho, sempre são encaminhados pela misericórdia de Deus e acham um meio de compreender e aceitar os problemas que não podem solucionar.

Foi o que aconteceu.

Estávamos cuidando de limpeza que se fazia necessária,  quando descobrimos a razão pela qual o vizinho se mostrava tão barulhento.

Acuado, encolhido e com cara de muito medo, descobrimos o filhote do pardal, nosso novo vizinho, debaixo do tanque de lavar roupas.

Aquele barulho todo era nada mais nada menos que o pio desesperado da senhora Pardal, com medo de não poder alimentar o seu rebento, enquanto ele ganhava forças para poder por si, voltar ao aconchego do ninho de onde ele caiu.

Assim, quando um passarinho de maneira pouco usual comece a agir e chegue a nos incomodar, aprendi, agora, que é bom examinar com cuidado, pois, por certo, é um sinal de filhote, daqueles teimosos, estar enfrentando problemas.

O barulhento pardal, digo, a senhora pardal, ganhou o nosso respeito e o seu barulhento modo de cuidar do seu filhote, já não nos incomoda mais.