Ocorre que este vizinho, por mais
incrível que possa parecer, é um vizinho por todos os lados da minha casa.
Está, num momento, na frente da
casa, noutro momento está na parte dos fundos, de repente aparece num lado, logo
em seguida noutro lado e, pasmem, o seu lugar preferido de exercer o direito de
vizinho é em cima do telhado. Eu e minha mulher nos perguntamos: será que este
vizinho vai querer saber da nossa vida nos mínimos detalhes?
Francamente não gostamos nada
deste nosso vizinho.
Estávamos, eu e minha mulher,
dentro de casa, ela dando um jeito na cozinha enquanto eu reinava no computador,
quando fomos surpreendidos com barulho infernal lá no quintal.
Corremos para ver o que era e, adivinhem.
Era o nosso vizinho que da sua
casa fazia um barulho infernal.
O Som estridente, sem obedecer
nenhum compasso, agredia os nossos ouvidos e nós começamos falar alto que aquilo
estava nos incomodando.
Qual nada o vizinho nem ligava
para a nossa tentativa de fazê-lo parar com a barulheira.
Aquilo era uma sinuca de bico.
Como sair dela.
A reunião de nós dois acabou por
criar muitas opções.
Comprar uma espingarda de pressão
e meter tiro perto dos pés do nosso vizinho foi eleita a melhor opção.
Não chegamos a comprar, pois
aventamos a possibilidade de errar o tiro e ferir o vizinho, o que nos traria
problema.
Resolvemos cantar música ruim
para incomodar o vizinho, mas ele nem ligou e continuou a fazer o barulho incrivelmente
insistente.
Os desavisados desta vida, e eu e
minha mulher estamos nesta amostragem, quando apresentam o sentimento de
renúncia, ou seja, aguentar o barulho do vizinho, sempre são encaminhados pela
misericórdia de Deus e acham um meio de compreender e aceitar os problemas que
não podem solucionar.
Foi o que aconteceu.
Estávamos cuidando de limpeza que
se fazia necessária, quando descobrimos
a razão pela qual o vizinho se mostrava tão barulhento.
Acuado, encolhido e com cara de
muito medo, descobrimos o filhote do pardal, nosso novo vizinho, debaixo do
tanque de lavar roupas.
Aquele barulho todo era nada mais
nada menos que o pio desesperado da senhora Pardal, com medo de não poder
alimentar o seu rebento, enquanto ele ganhava forças para poder por si, voltar
ao aconchego do ninho de onde ele caiu.
Assim, quando um passarinho de
maneira pouco usual comece a agir e chegue a nos incomodar, aprendi, agora, que
é bom examinar com cuidado, pois, por certo, é um sinal de filhote, daqueles
teimosos, estar enfrentando problemas.
O barulhento pardal, digo, a
senhora pardal, ganhou o nosso respeito e o seu barulhento modo de cuidar do
seu filhote, já não nos incomoda mais.
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