segunda-feira, 20 de junho de 2011

Quando um não quer, dois...

 
Lá na minha casa estamos praticando o mais fino planejamento do bom viver.

Não podia ser diferente. Onde duas pessoas apenas constituem o que restou do número inicial da família (éramos 4 eu, minha esposa e meu casal de filhos), convenhamos torna-se muito facilitada a possibilidade de planejamento que tenha sucesso.

Assim, dividimos as tarefas. Minha esposa fica nas decisões e eu na absoluta obediência.

Desta maneira a nossa vida tem se transcorrido sem muitos sobressaltos, apesar do pouco dinheiro da vergonhosa aposentadoria que, depois de muitos anos levando nos ombros o progresso do país, o INSS nos destinou.

Apesar desta organização, de vez em quando, eis que surgem os inevitáveis problemas.

Então dois adultos, vacinados pelos problemas da vida, separam-se dentro da casa que é o mesmo teto que abriga o homem e a mulher e, como só acontece nestas ocasiões, com os bicos e as rugas acentuadas promovem o silêncio dos ofendidos.

Segundo Dona Maria, minha amiga que me ajuda a entender e a compreender a vida, isto é o tempero do bom aprendizado.

Como sempre ela está certa. Como haveríamos de apreciar as belezas do mundo, a felicidade e a paz, se não tivéssemos passado pelos momentos que levaram aos nossos olhos a feiúra, se não ficássemos tristes e se as dificuldades não fizessem temermos pela paz.

Baseados nisso, eu e minha esposa, acrescentamos ao nosso planejamento de vida o momento da tolerância.

Seja qual for a gravidade do momento que possamos viver, sempre, com muito esforço, nós dois nos encontramos num canto estabelecido, dentro de nossa casa, e, apesar de toda a dificuldade gerada pelo desentendimento, olhamos nos olhos um do outro e nos perguntamos se vai valer a pena continuarmos de cara feia.

Tem dado certo e sempre acabamos terminando em bom entendimento e planejando um passeio, no qual, as nuvens da tempestade dêem lugar ao sol da bonança que todos os seres do mundo almejam.

A respeito deste método, Dona Maria diz: Quem sabe faz, quem não sabe, se for inteligente, ajuda. 

É como eu disse: A minha mulher sempre decide e eu sempre obedeço. Me faz muito bem.


quarta-feira, 15 de junho de 2011

O obvio é a grande surpresa

 
A oposição tal como ela é feita, segundo a candidata à presidência na última eleição, Marina Silva do Partido Verde, está ultrapassada.

Segundo ela, ainda, oposição por oposição é coisa que deve ser definitivamente excluída da política.

E mais, ela diz que o governo eleito deve chamar para o esforço de governar os melhores de todos os partidos, evitando a divisão de governar pelo interesse, partindo do princípio de que todos os partidos estão interessados no progresso da nação, do estado e do município.

Para surpresa geral a fala da ex-candidata é exatamente aquilo que desde que foi “inventada”, a democracia, deveria ser grande preocupação da classe política, pelo menos era assim que pensava o povo brasileiro.

Então podemos imaginar com acendrada preocupação:

Na mão de quem estivemos todos estes anos, desde o nosso descobrimento.

Menos pior, no entanto, que através de importante participante da política brasileira, que é a senhora Marina Silva, venha à baila aquilo que deveria ser o ápice dos desejos dos políticos brasileiros:

Trabalhar para o progresso do país com justiça social.

Para tanto é preciso que se examine a situação atual, onde alguns ganham rios de dinheiro, trabalhando muito é certo, mas em detrimento de outros mais que se matam de tanto trabalhar e não conseguem dinheiro nem para comer com dignidade.

Isso é o resultado dos embates políticos entre situação e oposição que abrigam número importante de mentes doentias que, só pensam no poder a qualquer custo sem o mínimo de preocupação com os que levam o país nas costas, sem terem direito à repartição equânime do resultado do esforço de todos.

É uma crueldade.

A esperança é que nestes dias que espocam aqui e ali, por este mundo afora, tsunamis, terremotos, erupções vulcânicas e enchentes incríveis, a deixa da ex-candidata de que a oposição por oposição está ultrapassada, seja o pontapé inicial de modificações importantes nos comportamentos dos governantes do Brasil e do mundo, para que seja resgatada a verdadeira verdade de que somos todos iguais.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O casal de Bem-te-vis

O Bem Te Vi caprichava no seu canto empoleirado no fio. Da antena de uma televisão a fêmea respondia-lhe toda arrepiada. O final da tarde quente, quase sufocante, em pleno inverno, foi visitado pelo pé de vento que desarrumou as penas dos dois pássaros.
Do fio um cantava: - Bem-te-vi, Bem-te-vi, Bem-te-vi......viiiiiii!
Da antena outro respondia: Viiiiiii....... Bem-te-vi, Bem-te-vi.
O nosso senhor, caminhando rápido, com as mãos sobre os óculos, para quebrar a incidência do sol que bocejava, de pijama, pronto para ir dormir, resolveu parar para assistir o namoro das 2 aves.
Há quanto tempo, pensou, ele próprio não trocava, com a sua amada, palavras de admiração, de carinho, de amor.
Com o passar dos anos tornou-se prático graças, evidentemente, às experiências que havia acumulado. De tudo entendia um pouco. Bomba atômica, foguetes espaciais, passagens da Bíblia, peças teatrais, filmes, astros e estrelas de cinema, futebol, mergulho, alpinismo, economia, política, etc. Tudo isto lhe custara muitas horas de raciocínio.
O pássaro macho alçou vôo e passou raspando a antena de Tv e a fêmea, como que pegando em sua mão voou junto com ele. O vôo foi brincalhão com subidas e descidas, como se fossem dois protagonistas de uma dessas histórias de amor que a gente vê nas novelas. Tudo mais havia perdido o seu valor para os dois passarinhos que, com certeza, voariam brincando e rindo até encontrar um galho mais simpático para servir-lhes de cenário de mais uma noite de amor.
O nosso senhor sacudiu a cabeça energicamente e deu um sorriso pelo canto da boca. Não foi preciso que o seu pensamento fosse completo para entender que naquele mesmo dia, chegaria e resgataria o tempo que a convivência tratara de tornar sem calor.
Pensou na sua querida mulher e nele próprio, como dois seres com todos os direitos do mundo de rir, chorar, amar, torcer, amar, amar mais, muito mais amar.
Os seus filhos já estavam grandes e embora fossem, ainda, destinatários do amor deles, já recebiam amor de outras pessoas, namoradas, amigos, colegas, e eles, a menos que materializassem o amor de um para o outro, perderiam o jeito carinhoso de se expressarem.
Por isso, entrou pela porta da cozinha, com o olhar marotamente colocado na posição de desejo e sem dizer nenhuma palavra, apanhou pelas mãos sua mulher e como dois Bem-te-vis, saíram procurando um canto que hes pudesse servir de cenário para uma noite de amor.
Dali pra frente, a brasa desta noite de amor, se fosse avivada todos os dias, jamais se apagaria e ele jamais precisaria ficar com inveja de um casal de Bem-te-vis.