domingo, 27 de outubro de 2013

Aventuras

O Tico Corrocher era nosso mentor. Mais velho, “inventava” as aventuras.

O cenário, como não podia deixar de ser, era o quintal da casa dos pais do Rui Barbosa, amigo que nunca mais vi.

Se bem descrevo, o cenário era formado pela lenha colocada para secar e dar bom fogo sem fumaça, formando um triangulo em túnel que tomava todo o quintal, desde a porta da cozinha até a cerca dos fundos.

Para a imaginação de todos nós, a lenha que formava o túnel, ora era o navio desbravando mares bravios e de ondas gigantescas, provocadas pela erupção do vulcão que nunca deixava de expelir fumaça, pois era a chaminé do fogão da mãe do Rui; ora era a diligência, que em disparada pela planície levava a mocinha aos gritos, perseguida pelos bandidos; ora era a Pirâmide de um dos reis do Egito, que maldosamente, vestido em tiras de trapos, transformava-se na Múmia que a todos nós perseguia; ora era a porta da nave espacial que acabava de chegar do planeta Terra, para explorar o desconhecido e longínquo planeta de Ets disformes e, talvez porque o time de Parque Antártica fosse o mais famoso daquela época, eram verdes com cifres que na ponta levavam mais dois olhos, tornando os figuras, ainda mais, ameaçadora.

O engraçado é que não consigo lembrar-me dos pais e nem dos irmãos do Rui. Só consigo lembrar-me dele.

Alem do Tico, o nosso mentor, juntava-se a nós o Perilo, o famoso “Manga Espada”, O Daio, irmão do Perilo, filhos do Plácido, jogador da AAA e outros que a minha memória insiste em não revelar com clareza.

Hoje, com certeza posso afirmar a possibilidade daqueles momentos de puro deleite, não se repetiriam.

O romantismo daquela época era inigualável. Éramos pouco comprometidos com a realidade dos adultos, vivíamos os momentos próprios da infância, que àquele tempo, durava muito mais que hoje.

Na verdade, eu penso assim: Nascemos para viver e impulsionar o progresso do mundo, na medida da necessidade que aquela atualidade precisava.

Eu e meus amigos, rodados e temperados pelos acontecimentos que o tempo sem descanso impôs, nos sentimos um tanto quanto deslocados em virtude dos bytes que atravessam o ar como projéteis de uma metralhadora que espalha a vida mais apressada, sem que tenha chance de admirar o brilho das estrelas.

Mas, basta olhar os brilhos dos nossos olhos que, com certeza, se verá do que é feito o nosso coração.

Penso que estamos saindo ganhando.

 

domingo, 20 de outubro de 2013

No balanço da Banda Eva

A Banda Eva enchia o ar de boa música e ela balançando os quadris acompanhava o ritmo frenético.

- Você não vai me acompanhar?

- Não Ronaldo. Eu vim aqui para me divertir e não vou entrar nessa loucura.

- Rose, deixe de ser boba, experimenta você vai sentir-se nas nuvens.

- Negativo Ronaldo. E se você continuar a insistir vou deixá-lo sozinho. E tem mais, jogue esta porcaria longe se você quiser a minha companhia. Onde já se viu um homem tão bonito precisar se drogar para sentir as maravilhas da vida. Olhe que ritmo gostoso, vamos dançar, seja o meu par e não a minha decepção. As coisas boas da vida são ainda melhores quando estamos de posse de nossas faculdades mentais. Dançar com você é um grande prazer, desde que você esteja aqui de corpo e alma. Não me interessa só o seu corpo, pois corpo ou corpos eu encontro em qualquer lugar, mas a sua mente, a sua inteligência, o seu espírito, só estarão presentes se você estiver são, sem drogas. Eu quero assim. Fique  comigo inteiro e desfrute do amor que eu sinto por você, vamos buscar a felicidade juntos.

- Mas Rose, eu já tinha combinado com os meus amigos.

- Foi bom você lembrar-se disso. Os seus amigos Ronaldo são é amigos da onça. Procure outros amigos, sai dessa. Droga mata quem usa, aos poucos e mata mais devagar ainda, as pessoas que te amam. Abra os olhos Ronaldo. Buscar a felicidade é um direito que todos temos, mas para que ela se eternize em nós é preciso estarmos conscientes, caso contrário, ela será fugaz.

- É, acho que você tem razão Rose. Na verdade nem sei como devo proceder.

- Vou ensiná-lo. Abrace-me... Isso mesmo... Feche os olhos... Sinta o meu corpo no seu corpo, sinta o meu perfume, comece a dançar. Viu como é fácil. Esta sensação que você esta sentindo vai durar a eternidade porque estão  aqui o seu corpo e a sua alma, junto ao  meu corpo e à minh’alma.

- Ronaldo eu amo você, mas você sem drogas. Escolha o que você quer.

- Claro que eu quero você. Juro que não vou mais pensar em drogas.

- Graças a Deus Zé.

- Isso mesmo, graças a Deus Zé.

-Por um instante pensei que não iríamos conseguir. A menina Rose ajudou muito por ser equilibrada. O Ronaldo, agora, está com mais chances de livrar-se da morte lenta que é a droga. O amor realmente é um poderoso remédio para todos os males, não é mesmo Zé Gostoso?

- É verdade Zé Lopes, desta vez os nossos fluidos positivos impediram que Ronaldo fizesse a besteira. Vamos manter a nossa vigilância, pois outros casais, com certeza, estarão precisando do nosso auxílio. Sabe de uma  coisa amigo? Acho que esta gente não está lendo a coluna do nosso amigo Benedito  Freitas no Opinião Jornal. Os perigos que os desavisados correm são muitos. Veja você que até os assaltos aos coletivos, envolvendo valores insignificantes, foram por causa das drogas. Eu espero sinceramente que ele continue com os seus alertas, principalmente, porque ele prega a não violência.

- Bem Zé Gostoso já que terminamos a assistência de hoje, deixe-me matar a saudade. AAAAA vida do Marinheiro. AAAA vida do Marinheiro.

- É isso aí Zé Lopes, deixa comigo agora. Abacaxi que cura dor de cabeça na hora. Vai na escola dorme, come abacaxi acorda.

 

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Lua de mel

— Bom dia dona Maria!

— Bom dia, seu Vernil, como foi de viagem.

— Muito bem, graças a Deus.

— Poços de Caldas continua bonita e fria?

— Desta vez não. Apesar de todo o tempo indicando chuvas e das nuvens extraordinariamente carregadas, o calor esteve presente e ela, ainda mais bonita.

— O senhor sabe que os casais da região e, principalmente, de Araras costumam passar a lua de mel lá em Poços.

— Claro que sei. Só na minha família são três casais: o meu primo; meu cunhado, que Deus o tenha; e um dos meus irmãos.

— Eu mesma, seu Vernil, passei minha lua de mel lá na cidade mineira. Gostei muito e as recordações que guardo são maravilhosas. Sem contar que, naquele tempo, não havia a organização de turismo que hoje há. A feirinha, as fontes luminosas, as casas de queijo e doces caseiros.

— Desta vez nós, minha mulher e eu e mais os meus primos, tivemos sorte ao subir pelo teleférico para o Cristo Redentor. O sol que tudo iluminava e as nuvens que se afastaram, permitiram uma visão maravilhosa da cidade e no outro lado um horizonte cortado por montanhas azuis e soberanas. Foi um belo passeio.

As Thermas passam por reformas e, desta vez, tivemos que nos contentar com o banho alternativo de água sulfurosa. Todos ficamos macios depois do banho.

— E as novidades daqui?

— Tudo continua como dantes no quartel de Abrantes. O governo federal já engatou a primeira, mas o carro está frio e, pelo jeito, não tem muita gente fazendo a força que devia para ele sair do lugar, deve ser por causa da adaptação, por enquanto está mais FHC do que nunca; na cidade, por ora, tudo é superfície, e, mesmo o índice de mortalidade infantil deveria ser publicado todos os meses; além disso, os pobres continuam empobrecendo e os ricos enriquecendo, nós "imergentes", por enquanto, estamos sem saber o que vai acontecer, graças à aposentadoria que nos obriga a viver lutando, com todas as nossas forças, para mantermos a nossa dignidade.

— Bem, dona Maria, lembrando-me do adágio popular: Não há mal que sempre dure... Continuamos com as esperanças de que o governo, honestamente, proponha pagar a dívida para com os “contribuidores” da previdência, pois foram os governos que o antecederam, que por longos e longos anos gastaram o nosso dinheirinho em coisas que não nos diziam respeito, por isso nos devem. A reforma da previdência só vai ser honesta se tiver no seu bojo esta correção.

—Deus te ouça homem e os anjos digam amem.

 

 

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Por que esta velocidade toda?

Por que esta velocidade toda. Tempo, dê tempo ao tempo.
Esta queima de etapas, trazendo o Natal logo após o Carnaval, estraga a nossa perspectiva de progresso.
Veja o Brasil, em pleno século XXI, vítima de maus governos que confundem a necessidade de comer com a grana fácil dos programas que entusiasmam, mas não acenam com a esperança da conquista
Sem nenhuma dúvida o socorro tem que vir de todos os lados. É preciso comer, mas é preciso, também, aprender a ganhar para poder comer com a alta estima fazendo parte da sobremesa.
O certo, no entanto, é que o tempo voa, espera-se que iniciativas através das politicas públicas, acenda o sinal vermelho do perigo, que mostra os confrontos caso não premiem o estimulo ao homem para que ele possa alcançar a sua inclusão social.
(ver mais em: vernileliseu.blogspot.com)pessoal.
Sem nenhuma dúvida o socorro deve vir de todos os lados. É preciso comer, mas pessoal.
Sem nenhuma dúvida o socorro tem que vir de todos os lados. É preciso comer, mas é preciso, também, aprender a ganhar para poder comer com a alta estima fazendo parte da sobremesa.
O certo, no entanto, é que o tempo voa, espera-se que iniciativas através das politicas públicas, acenda o sinal vermelho do perigo, que mostra os confrontos caso não premiem o estimulo ao homem para que ele possa alcançar a sua inclusão social.
(ver mais em: vernileliseu.blogspot.com)
é preciso, também, aprender a ganhar para poder comer com a alta estima fazendo parte da sobremesa.
O certo, no entanto, é que o tempo voa, espera-se que a iniciativa através de politicas públicas, acenda o sinal vermelho do perigo, que mostra os confrontos, caso não premiem o homem para que ele possa alcançar a sua inclusão social.
 

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

O PAC empacou

O Programa de Aceleração do Crescimento do Governo Federal é no mínimo um absurdo.
Com os projetos aprovados pelo programa, prefeitos de todo o Brasil, começaram a contar com aporte de dinheiro necessário para fazer bonito na sua administração.
Estão certos os administradores destas cidades, pois se o projeto para aceleração do progresso de seu município foi aprovado, nada mais justo que ele se transforme em realidade.
Ocorre, porém, que na maioria dos casos, contrataram se obras e o dinheiro prometido, simplesmente não chegou.
Além disso, as próprias prefeituras que tinham que fazer com que o pouco dinheiro que chegou se transformasse em começo de obras, não conseguiram o seu intento, pois sem os pagamentos contratados em alguns casos e empresas contratadas sem estrutura em outros casos, as obras resultaram paralisadas, virando chacota na boca do povão de cada localidade.
O planejamento, portanto, foi ineficiente ou na ânsia de criar fatos políticos para apresentar como conquista na propaganda eleitoral ou pela incompetência dos governos envolvidos.
É uma pena que isto esteja acontecendo, pois estas obras poderiam representar o ponto de equilíbrio que o Brasil está necessitando neste momento critico.
 
 
 

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

E as rosas voltaram

E as rosas voltaram
É sempre um espetáculo de beleza a chegada da Primavera.
É como se um cientista renomado, destes que mudam a todo o momento as verdades naturais com suas descobertas, pingasse uma gotícula de um produto químico muito especial e propiciasse uma revolução no tempo e a estação das flores, como mágico milagre, se instale no planeta terra.
A saturação das cores é como resultado de trabalho silencioso e paciente de uma rendeira que cobrisse o chão com rica manta.
Os pássaros começam a voltar de suas longas viagens, como que a render suas homenagens à profusão de cores, emprestando mais brilho com suas cores e seus cantos.
Este é o cenário.
Estou certo que se houvesse alguma pesquisa, para saber da incidência de doenças, por certo, nesta estação o número seria muito menor que nas outras estações.
Acredito que a estação das flores, pela sua beleza, dá ao homem a possibilidade de na contemplação de rica variedade de cores, influa grandemente na sua cabeça, fazendo-o mais cordato, mais esperançoso, mais amoroso, mais confiante e, por isso, em paz com o mundo.
Caso não acredite, por favor, tire alguns momentos de seu tempo e dedique-se na contemplação das rosas vermelhas do meu jardim que compreenderá o meu regozijo ao falar da Primavera.
Com alguma criatividade e fé, creio que o amigo poderá trocar com elas algumas palavras, desde que, é claro,  sejam palavras de doce amor.
 
 

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Meu Reino por um vagalume!


    Manhêêêê! Mããããããe!


    O que que é menino. Pare de gritar!

    Eu tô com medo do escuro. Dá para a senhora ficar comigo até eu pegar no sono?

    Espera um pouco aí, até o seu pai acabar de mudar de roupa, pois eu estou segurando a vela para ele enxergar as pernas do pijama.

Dona Maria, soltou um palavrão entre dentes, e pensou no que estava acontecendo.

Quantas e quantas vezes ouviu no noticiário e, inclusive, lembrou-se do ministro Hélio Beltrão, que em Araras, naquele tempo, já alertava para a certeza de problemas com energia elétrica no Brasil.

Apesar disso, os governos se sucederam e nada foi feito em matéria de investimentos para solucionar o problema.

Agora o jeito era treinar viver no escuro.

Já havia tentado as lanternas e luzes de emergência à bateria, que o custo fez com que a família desistisse de usar.

O lampião à gás, apesar da boa qualidade da luz fornecida, com aquele barulhinho de água descendo a serra, só fazia era dar sono em todo mundo e o resultado era dormir cedo e acordar cedo, necessitando de luz para enxergar de madrugada.

Estava difícil de achar um meio de solucionar o problema de ter que economizar energia e baixar o valor das contas de luz.

Ela não queria achar culpados, mas aguentar o Presidente da República dizer que havia sido pego de surpresa, foi demais para o caminhão de Dona Maria.

Achava o presidente charmoso. Mas, que diabo, ele já estava no poder há 6 anos e não estava sabendo da necessidade de investimentos para gerar energia elétrica?  

    Parece brincadeira de quem não sabe o valor da sua posição na vida. Falou alto Dona Maria.

O marido que acabara de descobrir que vestira o pijama no avesso e ao tentar arrumar caíra de joelhos, com os dois pés enroscados na mesma perna da calça, gritou:

    Maria, pelo amor de Deus, acenda esta maldita luz, pelo menos até eu vestir o pijama.

    Mas, e a economia? Eles vão acabar chupando o nosso sangue no valor da conta deste mês.

    Pro diabo com a economia. Já chega a comida que perdemos por causa de desligar o Freezer. Agora esfolo o meu joelho, não dá para aguentar.

    Mas...

    Não tem mais nem menos. Acenda a luz antes que eu te faça engolir esta vela!

    Valha me nossa Senhora da Aparecida.

Começou a rezar Dona Maria para depois num desabafo quase gritar: 

    Meu reino por um vaga-lume, gigante!