terça-feira, 31 de março de 2009

O aborto


Nada mais terrível que o aborto.
A discussão hoje em dia versa mais sobre o direito dos espíritos encarnados que se julgam donos de todos os direitos.
Sem sombra de dúvida todos têm direitos.
Entretanto os direitos de uns, neste mundo, têm que conviver com os direitos de outros.
Por isso a justiça dos homens, ao longo do tempo, sabiamente, se estruturou buscando o bom senso perseguindo a meta do bom viver entre todos.
Porém, neste afã, não poucas vezes, ela cometeu enganos.
Lembramos que a imortalidade da alma é coisa aceita por quase a totalidade da humanidade, ficando de fora poucos, cuja representatividade é muito pequena.
Lembramos, também, que do ponto de vista de que tudo foi criado por Deus, são também, criados por Ele, os nascituros.
Criados com a finalidade de poderem vivenciar as experiências que só a vida no mundo oferece, para se instruírem e após a morte, com créditos ou débitos, dar continuidade à existência da alma pela eternidade.
Se voltarem pela reencarnação para dar continuidade do aprendizado no mundo físico, como acredito, ou não, como acreditam muitos, e se foram criados por Deus têm direitos, os quais devemos respeitar e conviver com eles.
Então a discussão nos levou a um impasse:
Onde termina o direito dos que nasceram e onde começa o direito dos que estão para nascer.
Refletimos:
Se forem concebidos têm o direito de nascer e, por isso, interromper a Lei Natural é ferir profundamente o direito à vida.
A Pergunta é:
Quem cometer o aborto será responsabilizado?
Nos casos previstos na Lei dos homens sim. E nos casos não previstos?
Segundo o nosso entendimento, já que o direito de nascer é uma dádiva de Deus, no qual todos acreditam os que cometerem ou ajudarem no aborto serão responsabilizados perante as Leis de Deus.
Não existe dúvida que tanto num como noutro caso o crime é contra a vida e, portanto, sujeito à mais alta penalidade.
Na justiça dos homens o castigo é a reclusão, na Lei de Deus só ele sabe qual será o peso que o pêndulo terá, nas voltas que o mundo dá.


terça-feira, 17 de março de 2009

Campanha da Fraternidade de 2009


A Campanha da Fraternidade da Igreja Católica Apostólica Romana elegeu este ano o tema: A SEGURANÇA PÚBLICA.
Nada mais oportuno.
Este problema, no Brasil, é o resultado de equívocos sucessivos, desde a chegada de Pedro Álvares Cabral.
A história mostra que as políticas públicas, amarradas pela elite que detém o controle econômico/financeiro do país, em tempo algum conseguiram se desenvolver em prol de toda a população.
Troca de favores entre políticos e a elite se desenvolveu em proveito destes dois importantes segmentos da sociedade brasileira em detrimento, exatamente do segmento que, através do seu trabalho assegurou a produção e o consequente lucro, com o qual o domínio se fez, infelizmente alheio aos anseios básicos do povo.
Assim, a educação que precisava ser desenvolvida, como se fosse, para o povo, o próprio oxigênio que o ser humano respira, foi delegada a plano inferior, atendendo interesses da elite, necessitando hoje esforços grandiosos para que se consiga colocá-la nos patamares que o desenvolvimento global exige.
Por isso, somada à ignorância espiritual, a educação, ou a falta dela, hoje pode ser apresentada como o mais importante fato que promove a violência,
Ao elencar, além da educação, atitudes objetivas, tão importantes quanto ela, na tentativa de corrigir o rumo da guerra deflagrada, que mata 40.000 brasileiros por ano, principalmente os mais jovens, a Campanha da Fraternidade da Igreja Católica deste ano, apesar da utilização de temas utópicos, levando-se em consideração o estado da relação social nos dias de hoje, levanta o véu para que todo o povo e principalmente os seus governantes e elite vejam as metas que têm que perseguir para evitar o azedamento definitivo da convivência social do homem no Brasil.
Não é preciso dizer que este azedamento tornaria as terras brasileiras sem dono e palco da mais cruel violência.
Isto é uma realidade.
Ou se atende os anseios básicos do Povo ou o Povo o toma a força.
O medo já alcançou todos os brasileiros que vivem praticamente escondidos, em suas casas, atrás de grades que eles supõem os defendam da violência.
Pelo recrudescimento da violência nas cidades de menor porte, onde se vivia, até pouco tempo, em paz, mostra que a quantidade de violentos avança a passos tão rápidos, que, daqui a pouco, não haverá mais volta.
Será o caos.
Portanto, é ato da mais alta preocupação com o bem estar dos brasileiros, para que seja a Paz uma realidade para todos, que toda a sociedade se engaje nesta Campanha da Fraternidade.
Então coloquemos na nossa Bandeira Branca a afirmativa da Campanha da Fraternidade:
A PAZ É FRUTO DA JUSTIÇA











terça-feira, 10 de março de 2009

Violência

A violência, de certa forma prodiga neste momento, obedece, também, como todas as coisas, uma diversificação que acompanha a diversificação das forças que se lhes opõem.
Assim, os violentos mudam a forma de agir para tentar burlar as Leis destinadas a impedir que suas ações fiquem perto de se transformar num costume.
Entretanto, quanto mais sofisticadas estas Leis, mais sofisticados ficam os violentos.
O esforço, no caso brasileiro, para que se busque um melhor desempenho da sociedade, tem que ser feito no sentido de qualificar as forças que combatem a violência, pois no estado atual se perde na incompetência e se desvaloriza a partir do seu próprio cerne.
O desdobramento da violência, a ser mantido no mesmo estado em que se encontra, é o agravamento da maldade.
Já estamos convivendo com assassinos de crianças e de moços, mostrando que o valor à vida está cada vez menor graças à sanha dos malfeitores.
O pior é que essa convivência acaba por influir na formação das crianças, que mergulhadas neste meio e sem perspectiva de uma melhor educação, passem a tomar como normal o estado de violência.
Por isso, o que poderemos enfrentar mais adiante se delineia bastante grave.
Não terá sido o azedamento dos costumes responsável pela existência do fanatismo, que tem custado muitas vidas, de homens e mulheres que acreditam que por fim à vida os levem para o paraíso?
A expressão da violência afinal, que mudou o costume da cadeira de balanço na calçada para a grade nas janelas, impõe àqueles que conseguem enxergar à frente preocupação profunda do inevitável e doloroso agravamento da violência.

segunda-feira, 9 de março de 2009

A estatística e a realidade


Um homem sentado à soleira da porta, chorando, chamou a atenção de um estudante que passava por ali.

Como todos sabem os estudantes, até pela sua natureza, são muito curiosos.

Este estudante não era diferente.

Tivera um dia cheio. Os ensinamentos à classe tinham sido dos mais difíceis e, embora já matutasse como fazer o dever de casa, mesmo assim, parou para olhar o homem chorando.

Sentiu-se tristonho pelo homem. Mas a sua curiosidade era maior que seus sentimentos e não aguentando mais, educadamente dirigiu-se ao senhor que chorava:

Bom dia senhor! Porque o senhor está chorando?

Quero-lhe dizer que seja lá qual for o motivo não vale a pena.

O homem respondeu:

Ora meu jovem, você está dizendo isso porque não sabe o que aconteceu.

O jovem animou-se e continuou a conversa:

Posso não saber meu senhor, mas segundo o meu analista, de nada adianta chorar.

O homem olhou por cima dos óculos segurando na mão o lenço para enxugar as lágrimas, emendou:

Acontece que eu perdi um grande amigo. Um homem de bem, só queria desta vida o trabalho para sustentar a família e um pouco de paz. Apesar disso, não é que um bandido lhe acertou um tiro e tirou a sua vida.

O rapaz quase deu um passo para trás, mas de cima de seus parcos conhecimentos, lembrando se do que ouvira no rádio, retrucou:

Segundo eu soube este assassinato está dentro das estatísticas dos encarregados da segurança de nossa cidade. Portanto, meu senhor, seria de bom alvitre que o senhor não se desdobrasse em choro, pois a vida é mesmo assim.

O homem que já estava com os olhos vermelhos de tanto chorar e com o nariz, também vermelho, de tanto ser assoado, olhou firme para o rapaz e disse:

Você diz isso porque não foi um amigo seu que perdeu a vida, e segundo o meu analista, pimenta nos olhos dos outros não arde!

A discussão tomou rumos que não nos cabe analisar, porém, graças aos dois analistas que, como vimos, são de escolas diferentes, chegamos à seguinte conclusão:

Analistas de estudantes se atêm às estatísticas e os analistas de senhores se atêm à realidade.

Aqueles precisam de mais estudos e estes são os que engrossam a estatística que afirma que a segurança em nossa cidade, em nosso estado e em nosso país, não é nada boa.



terça-feira, 3 de março de 2009

Papai chorou


Lá de um canto do arquivo morto da minha memória, veio-me a lembrança do meu querido pai.
Geralmente relembro os momentos, que foram poucos, alegres e felizes que passei com ele.
Desta vez, porém, relembrei um momento triste.
Ele já era viúvo e, sozinho, deitado em sua cama chorou sentido.
Todos de casa ficaram alarmados. Estávamos acostumados com o homem de pouca conversa exigente e disciplinador que não cabia em nosso dia a dia aquele choro.
Todos, filhos e noras, amávamos aquele homem e os momentos que passávamos com ele eram de grande prazer.
Por que, então, ele havia chorado?
De certo, no cotidiano de todos nós, acostumados com a sua presença, sem exceção, apenas trocávamos as palavras exigidas para as ações, que com o tempo tornaram-se mecânicas e repetitivas.
Muito embora houvesse amor no coração de todos nós, os nossos atos, devido a repetição, eram percebidos por ele como uma obrigação de cada um e não uma demonstração de amor que, acertadamente, julgava merecer.
Por isso, resolvi escrever sobre o choro do meu pai, apenas para registrar a pouca sensibilidade de todos lá de casa.
Se o amávamos, porque, então, não demonstrávamos.
Coisa dos homens. Julgam que basta ter o sentimento. Não se preocupam, envolvidos pelos afazeres e problemas do dia a dia, de demonstrá-lo.
Imagino quantos pais, avós, tios, amigos, esposas e esposos, não terão chorado amargurados, pela falta dessa demonstração dos seus entes queridos.
Muitas vezes, os que nos são caros, pelos seus atos, nos desgostam. Até censuramos alguns deles. Isto, porém, devemos creditar às angustias que os acometem quando das suas ações.
Partindo daí, então, apesar de todos os atos que não nos cheguem bem, passemos a cultivar o exercício do amor verdadeiro. Isso mesmo, aquele amor que temos dentro de nós e que só não demonstramos, por causa do endurecimento que o cotidiano nos impõe.
Tratemos de vencê-lo.
Dona Maria, a minha vizinha que me ajuda a entender e a compreender o mundo em que vivemos a respeito, diz o seguinte:
— Para isso é só querermos.