29/08/2021
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A dona Escalina, uma senhora
negra, alta, bonita, esposa do seu Zé Fumaça, comandava a garotada da rua 13 de
maio.
Os iças, parecia, que nasciam do
chão e com voos inseguros povoavam os ares da rua.
A garotada (naquele tempo molecada) arrancavam as camisas e começavam a caçada aos iças.
Dona Escalina, sem pressa, ia
recebendo o produto das caçadas de cada um dos garotos, cujos olhos brilhavam,
pensando no banquete de logo mais.
Para muitos dos garotos aquele
banquete que se anunciava era, nada mais nada menos, que a mistura que comeriam
naquela tarde.
O número de garotos era de mais
de 10, com suas camisas espanando o ar e derrubando os iças, gordinhos e de
sabor gostoso.
Da empreitada participavam,
também, a Amélia e a Zezé, filhas adotivas de dona Escalina, cujo nome
verdadeiro não tenho a certeza se era este.
A caçada era incansável e o
produto de tantas “camisadas”, quase sempre enchia uma bacia, tão usadas
naquela época (fim da década de 40 e início da década de 50).
A dona Escalina e suas filhas,
começavam a preparação para aprontar os iças.
A parte usada era o bum-bum dos
iças, gordinhos e de recheio abundante.
As vezes o Iça ia pra chapa
quente inteiro.
Na verdade, os garotos sentavam
se ao redor da bacia e começavam a degustação prolongada dos iças torradinhos.
Se inteiro separavam o bum bum do
resto.
Era uma verdadeira festa, cujo
costume, desapareceu na poeira do tempo.
Hoje dificilmente se vê um iça
voando no ar da cidade e, por isso, os garotos de hoje, infelizmente não vão
conhecer o banquete igual ao que a Dona Escalina proporcionava para todos os
garotos da rua e adjacências.
Dona Escalina impunha respeito
com a sua altura sem, entretanto, erguer a voz para chamar a atenção dos
garotos.
Um tempo de coisas bonitas, mesmo
que estranhas para os dias de hoje mas, de grande congraçamento dos vizinhos da
rua 13 de Maio.
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