O sol levantou-se mais cedo naquela manhã.
A luz visitava todos os cantos, pondo à mostra a beleza da criação de Deus.
Abri a porta e o meu corpo arrepiou-se todo. Engraçado como não havia percebido isso antes.
Sempre quando abria a porta para sair para o trabalho, sentia aquele arrepio. Acredito que nessas manhãs luminosas as energias positivas ao tomarem contato com o meu corpo produziam o arrepio. Na verdade, especialmente naquela manhã, a minha disposição estava multiplicada.
Era como se eu fosse as lentes de uma gravadora de vídeo. Não havia no campo da minha visão nada que não estivesse sendo registrado pelo meu cérebro. Parecia até que algum perigo iminente jogara adrenalina no meu sangue e os meus sentidos estavam em estado de alerta.
- Bom dia dona rosa - disse cumprimentando a flor do meu jardim – que o meu amor seja tão grande quanto é a sua beleza.
Juro que ouvi o seu riso imperceptível.
Aprendi há muito tempo, quando ainda era um mal informado, que as flores riem e conversam com os seres humanos e para que isso aconteça depende dos seres humanos, pois as flores estão sempre dispostas a conversar.
Estiquei a mão para a maçaneta do meu carro e ouvi uma voz melodiosa e clara:
- Acordou bem disposto hoje, senhor?
Olhei para trás e como não vi ninguém, fiquei como que parado no ar.
- Sou eu quem está falando, aqui quase tocando o chão.
Firmei os olhos e vi uma rosa amarela, com as pétalas como se estivessem por cair, mais amarelas nas partes internas e desbotadas nas partes externas.
- Sou eu mesmo. Não fique assustado. Só quero transmitir-lhe uma mensagem: Evite com todas as suas forças “a comodidade de trilhar caminhos feitos”.
- Está bem. Mas porque para mim esta mensagem?
O vento balançou a roseira e uma das pétalas da rosa, a que estava com aparência de queimada, soltou-se e caiu. O silêncio era total.
- Porque para mim a mensagem? Insisti.
Um vizinho que passava, andando pelo meio da rua, olhou curioso e deve Ter pensado que eu estava ficando louco e falando sozinho.
Sacudi a cabeça energicamente e fui para o trabalho.
Realmente a minha disposição era de causar inveja a qualquer garoto de 18 anos. O joelho incomodava um pouco, mas não impedia o andar reto e firme. Aliás, era e ainda é motivo de orgulho o meu “preparo físico”. Salvo, evidentemente, observações mais apuradas.
O salão de iluminação lateral estava movimentado àquela hora da manhã, cada um por sua vez recebia os que chegavam com um Bom dia quase que musical e com sorrisos.
Ouvi, enquanto ligava o computador, a jornalista dizendo ao redator que mais uma casa de recuperação de drogados estava sendo inaugurada naquela semana e como que um estalo a frase da rosa do jardim lá de casa soou na minha cabeça.
- Espera aí. Como é o negócio? Perguntei.
- Uma dessas clínicas para internação de drogados para afastá-los da rua e recuperá-los da dependência. Respondeu a jornalista.
- Então é isso – comecei a falar – A comodidade de trilhar caminhos feitos é isso aí. O número de drogados aumenta e a sociedade aumenta as casas destinadas à recuperação deles. No entanto, após o período de desintoxicação, os ex-drogados retornam ao convívio dos seus amigos, no seu bairro, sem que os problemas que o levaram a se drogar tenham sido resolvidos e daí para o retorno ao uso das drogas, novamente, é um pulo. As notícias dão conta que os que se curam são, aproximadamente, 3 a 5%. É muito pouco. Na realidade, a sociedade que criamos não quer dar-se ao trabalho de cobrar os que têm obrigação de resolver os problemas, prendendo os traficantes de drogas. Impedindo que por qualquer problema que os nossos filhos tenham, encontrem na oferta das drogas as soluções para as suas aflições.
Por melhor que seja o relacionamento humano, os atritos, as divergências, a oposição, sempre existirão. Isto é inclusive uma necessidade que impulsiona o homem em busca das soluções dos seus problemas, muitas das vezes, pela sua natureza, exigindo certo desprendimento. Alguns que imaginam estarem sendo muito exigidos encontram fácil por aí, a sedução dos traficantes, estendendo enganosamente uma solução que, hoje alivia, mas que amanhã multiplica o sofrimento. Então, é absolutamente verdadeiro afirmar que somente acabando com tráfico, a sociedade poderá salvar estes seus componentes, de um destino pior.
- Qualquer outra coisa que se invente será apenas paliativo e incentivo à comodidade de trilhar caminhos feitos.
Cidadãos, prefeito, vereadores, juizes, promotores, presidentes de associações de bairros, presidentes de clubes sociais, etc., devem cobrar os que têm por obrigação combaterem o tráfico de drogas.
Mas eles não têm recursos.
Então que sejam cobrados os responsáveis pelos recursos. É difícil e perigoso. Mas se a sociedade não entender que a necessidade desta soma de esforços é a salvação, ela, por comodidade de trilhar caminhos feitos, verá dentro de cada lar da sua comunidade, entrar pela porta da frente e com pompa, o mal que tira dos homens a vontade de viver.
A luz visitava todos os cantos, pondo à mostra a beleza da criação de Deus.
Abri a porta e o meu corpo arrepiou-se todo. Engraçado como não havia percebido isso antes.
Sempre quando abria a porta para sair para o trabalho, sentia aquele arrepio. Acredito que nessas manhãs luminosas as energias positivas ao tomarem contato com o meu corpo produziam o arrepio. Na verdade, especialmente naquela manhã, a minha disposição estava multiplicada.
Era como se eu fosse as lentes de uma gravadora de vídeo. Não havia no campo da minha visão nada que não estivesse sendo registrado pelo meu cérebro. Parecia até que algum perigo iminente jogara adrenalina no meu sangue e os meus sentidos estavam em estado de alerta.
- Bom dia dona rosa - disse cumprimentando a flor do meu jardim – que o meu amor seja tão grande quanto é a sua beleza.
Juro que ouvi o seu riso imperceptível.
Aprendi há muito tempo, quando ainda era um mal informado, que as flores riem e conversam com os seres humanos e para que isso aconteça depende dos seres humanos, pois as flores estão sempre dispostas a conversar.
Estiquei a mão para a maçaneta do meu carro e ouvi uma voz melodiosa e clara:
- Acordou bem disposto hoje, senhor?
Olhei para trás e como não vi ninguém, fiquei como que parado no ar.
- Sou eu quem está falando, aqui quase tocando o chão.
Firmei os olhos e vi uma rosa amarela, com as pétalas como se estivessem por cair, mais amarelas nas partes internas e desbotadas nas partes externas.
- Sou eu mesmo. Não fique assustado. Só quero transmitir-lhe uma mensagem: Evite com todas as suas forças “a comodidade de trilhar caminhos feitos”.
- Está bem. Mas porque para mim esta mensagem?
O vento balançou a roseira e uma das pétalas da rosa, a que estava com aparência de queimada, soltou-se e caiu. O silêncio era total.
- Porque para mim a mensagem? Insisti.
Um vizinho que passava, andando pelo meio da rua, olhou curioso e deve Ter pensado que eu estava ficando louco e falando sozinho.
Sacudi a cabeça energicamente e fui para o trabalho.
Realmente a minha disposição era de causar inveja a qualquer garoto de 18 anos. O joelho incomodava um pouco, mas não impedia o andar reto e firme. Aliás, era e ainda é motivo de orgulho o meu “preparo físico”. Salvo, evidentemente, observações mais apuradas.
O salão de iluminação lateral estava movimentado àquela hora da manhã, cada um por sua vez recebia os que chegavam com um Bom dia quase que musical e com sorrisos.
Ouvi, enquanto ligava o computador, a jornalista dizendo ao redator que mais uma casa de recuperação de drogados estava sendo inaugurada naquela semana e como que um estalo a frase da rosa do jardim lá de casa soou na minha cabeça.
- Espera aí. Como é o negócio? Perguntei.
- Uma dessas clínicas para internação de drogados para afastá-los da rua e recuperá-los da dependência. Respondeu a jornalista.
- Então é isso – comecei a falar – A comodidade de trilhar caminhos feitos é isso aí. O número de drogados aumenta e a sociedade aumenta as casas destinadas à recuperação deles. No entanto, após o período de desintoxicação, os ex-drogados retornam ao convívio dos seus amigos, no seu bairro, sem que os problemas que o levaram a se drogar tenham sido resolvidos e daí para o retorno ao uso das drogas, novamente, é um pulo. As notícias dão conta que os que se curam são, aproximadamente, 3 a 5%. É muito pouco. Na realidade, a sociedade que criamos não quer dar-se ao trabalho de cobrar os que têm obrigação de resolver os problemas, prendendo os traficantes de drogas. Impedindo que por qualquer problema que os nossos filhos tenham, encontrem na oferta das drogas as soluções para as suas aflições.
Por melhor que seja o relacionamento humano, os atritos, as divergências, a oposição, sempre existirão. Isto é inclusive uma necessidade que impulsiona o homem em busca das soluções dos seus problemas, muitas das vezes, pela sua natureza, exigindo certo desprendimento. Alguns que imaginam estarem sendo muito exigidos encontram fácil por aí, a sedução dos traficantes, estendendo enganosamente uma solução que, hoje alivia, mas que amanhã multiplica o sofrimento. Então, é absolutamente verdadeiro afirmar que somente acabando com tráfico, a sociedade poderá salvar estes seus componentes, de um destino pior.
- Qualquer outra coisa que se invente será apenas paliativo e incentivo à comodidade de trilhar caminhos feitos.
Cidadãos, prefeito, vereadores, juizes, promotores, presidentes de associações de bairros, presidentes de clubes sociais, etc., devem cobrar os que têm por obrigação combaterem o tráfico de drogas.
Mas eles não têm recursos.
Então que sejam cobrados os responsáveis pelos recursos. É difícil e perigoso. Mas se a sociedade não entender que a necessidade desta soma de esforços é a salvação, ela, por comodidade de trilhar caminhos feitos, verá dentro de cada lar da sua comunidade, entrar pela porta da frente e com pompa, o mal que tira dos homens a vontade de viver.
Nenhum comentário:
Postar um comentário