sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Fora da Caridade Não Há Salvação

— Bem dona Maria, na verdade é que eu fui falar de Caridade, sem ter me preparado convenientemente.

— E o que é que o senhor queria seu Vernil? Que a sua cabeça com cabelo esbranquiçado, fosse salvá-lo da má preparação?

— Confiei dona Maria, no monte de vezes que falei sobre o assunto, sem problema e com alguma criatividade.

— Surpreendentemente, encontrei dificuldades, acho até que pelo meu estado de espírito. Foi como se eu estivesse fazendo algo que não queria fazer. Com certeza, conscientemente, pelo menos, não era isso.

— Se não era conscientemente, então o problema é mais grave, pois estará no seu subconsciente a explicação e para descobrirmos vai ser mais difícil.

— Falar que a caridade é a mais nobre das qualidades que um ser humano pode reunir, eu falei.

— Falei também que distribuir esmolas, quebrando o galho dos pedintes, não é realmente a pura caridade, pois que sempre nos assalta a dúvida se não estamos sendo enganados. Sem esta preocupação, aos pedintes, temos que endereçar, além da esmola, a caridade de compreendê-los como sendo espíritos, ainda pouco evoluídos, necessitando de nós não apenas a esmola que podemos dar, mas o amor que nos faz saber que ao pedirem estarão exercitando, sem que percebam, a humildade que serão chamados a usar, se não nesta vida, com certeza, numa outra encarnação.

— Assim como, ao darmos a esmola, mesmo que achemos que o pedinte não a mereça, estaremos exercitando a Caridade, que é a qualidade que temos que incorporar ao nosso espírito e que é condição primária para a nossa progressão espiritual.

— Puxa seu Vernil, só por isso já teria sido legal ouvir a sua exposição.

— É lógico que, também, falei da necessidade de todos nós colocarmos fazer a Caridade como meta que vai capitanear o nosso crescimento espiritual. Pois, quando estivermos no estado de fazermos Caridade, sem que precisemos sofrer, estaremos perto de merecermos estar numa morada do nosso Pai Celestial, onde exista, de fato, espaço para a paz que todos almejamos.

— Está claro que não poderia igualar-me ao que Paulo de Tarso falou sobre a Caridade, muito embora tenha buscado nesta mais bela página do Novo Testamento, o pouco que sei sobre a Caridade.

— Entendi seu Vernil, e coloco para o senhor, segundo o meu parco saber, que todos estamos obrigados, incondicionalmente ou por vontade própria, a colocarmos em tudo que fazemos em nossas vidas, tanto dentro de nossas casas como fora delas, nos diversos relacionamentos a que estamos sujeitos, tanto para com os nossos amigos, como para os que não são nossos amigos e até mesmo com os que são nossos inimigos, a usar a Caridade como constante, abrindo caminho para o entendimento, condição necessária para que todos remem o barco da progressão para o mesmo lado.

— Pois é dona Maria, haja esforço, pois já não é sem tempo que, como Allan Kardec, qualificou o verdadeiro espírita, o homem, também, na sua progressão como ser, precisa lutar pela sua transformação moral anulando as suas más inclinações, reconhecendo o direito de acesso, para todos, aos benefícios que a humanidade possa cristalizar.

— É mesmo, seu Vernil, haja esforço, mas se o estado de fazer Caridade demora a ser instalado em nós, nada melhor que começarmos, agora mesmo, o exercício de olharmos para dentro do nosso coração e promovermos a nossa transformação, pois ou nós começamos, ou a história começa para nós, é a escolha.

— No primeiro caso estaremos na direção, no segundo estaremos sendo dirigidos, o que não é lá muito bom.

— Falou e disse dona Maria.

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