Lá na minha casa estamos praticando o mais fino planejamento do bom viver.
Não podia ser diferente. Onde duas pessoas apenas constituem o que restou do número inicial da família (éramos 4 eu, minha esposa e meu casal de filhos), convenhamos torna-se muito facilitada a possibilidade de planejamento que tenha sucesso.
Assim, dividimos as tarefas. Minha esposa fica nas decisões e eu na absoluta obediência.
Desta maneira a nossa vida tem se transcorrido sem muitos sobressaltos, apesar do pouco dinheiro da vergonhosa aposentadoria que, depois de muitos anos levando nos ombros o progresso do país, o INSS nos destinou.
Apesar desta organização, de vez em quando, eis que surgem os inevitáveis problemas.
Então dois adultos, vacinados pelos problemas da vida, separam-se dentro da casa que é o mesmo teto que abriga o homem e a mulher e, como só acontece nestas ocasiões, com os bicos e as rugas acentuadas promovem o silêncio dos ofendidos.
Segundo Dona Maria, minha amiga que me ajuda a entender e a compreender a vida, isto é o tempero do bom aprendizado.
Como sempre ela está certa. Como haveríamos de apreciar as belezas do mundo, a felicidade e a paz, se não tivéssemos passado pelos momentos que levaram aos nossos olhos a feiúra, se não ficássemos tristes e se as dificuldades não fizessem temermos pela paz.
Baseados nisso, eu e minha esposa, acrescentamos ao nosso planejamento de vida o momento da tolerância.
Seja qual for a gravidade do momento que possamos viver, sempre, com muito esforço, nós dois nos encontramos num canto estabelecido, dentro de nossa casa, e, apesar de toda a dificuldade gerada pelo desentendimento, olhamos nos olhos um do outro e nos perguntamos se vai valer a pena continuarmos de cara feia.
Tem dado certo e sempre acabamos terminando em bom entendimento e planejando um passeio, no qual, as nuvens da tempestade dêem lugar ao sol da bonança que todos os seres do mundo almejam.
A respeito deste método, Dona Maria diz: Quem sabe faz, quem não sabe, se for inteligente, ajuda.
É como eu disse: A minha mulher sempre decide e eu sempre obedeço. Me faz muito bem.