Após décadas de vida cheia de vivências e aprendizados, ainda, não vi tudo que preciso ver.
Recordando me vejo nos folguedos, brincando de pega-pega, correndo por entre os aparelhos dos parques de diversões, nadando nos ribeirões, pegando rabeira dos caminhões, jogando bola e desfrutando do sabor das frutas dos nossos vizinhos.
Adiante, a brilhantina no cabelo, a pinça arrancando a pouca barba e lançando olhares cheios de brilhos e de admiração às meninas lindas com os uniformes de normalistas e fitas brancas na cabeça.
Logo em seguida vieram as responsabilidades dos primeiros empregos, as primeiras partidas de futebol pra valer e o bendito Tiro de Guerra, verdadeira catapulta na vida dos moços deixando-os prontos para enfrentar a vida.
A constituição da família era o passo em seguida naturalmente. Era acontecimento que se desencadeava, para a maioria, aos sobressaltos e servia de desafio, pois saindo da zona de influência dos pais, o homem transformava-se em transformador da história de muitos espíritos que através da união do homem e da mulher ganhavam a possibilidade de recomeçar a ascensão espiritual.
Vertiginosa a história escrevia para a posteridade os rumos da emancipação da alma do homem.
Por isso tudo, é que as novidades, depois de passado tantos anos nos surpreendem.
No meu caso, além da alegria e do reboliço que nos trouxe a vinda ao mundo a nossa netinha, aconteceu que em determinado dia, travestidos de babas, eu e minha mulher, ouvimos um canto celestial.
Com voz limpa e bem afinada, Beatriz cantou:
“Mãezinha do Céu eu não sei rezar,
e só sei dizer que eu quero te amar,
.Azul é teu manto branco é teu véu,
Mãezinha você é um anjo do céu.”
Como diria minha irmã Dona Marlene, o senhor fica todo bobo.
Como não haveria de ficar.