As noites do mês de março, naquele tempo, eram bem frias, nas sextas-feiras santas.
O frio, no entanto, não impedia que o jardim da Praça Barão de Araras ficasse cheio de gente.
Eram os moços e moças que aproveitavam a espera da procissão para usar o melhor meio de paquera daquela época.
O ambiente era, no mínimo, espetacular.
O matraquear das matracas em volta da Igreja Matriz, acionadas pelos coroinhas (espécie praticamente extinta), uns mais outros menos entusiasmados, juntava-se aos mais católicos que rezavam lá dentro da igreja, guardando o corpo do Cristo e mais moços e moças no passeio interminável das voltas em torno do jardim.
Na verdade o clima de consternação pelo sofrimento de Jesus terminava na linda procissão do encontro, cujo momento máximo acontecia na praça do filtro, na frente do Instituto N.S. Auxiliadora. A representação do filho encontrando a mãe era um momento de eterna ternura.
Havia, é claro, uma certa dispersão dos propósitos religiosos naquelas noites, mas na grande maioria, os ararenses que se dispunham a participar dos eventos mostravam uma religiosidade que até hoje permanece, se bem que em demonstrações diferentes daquele tempo.
Enquanto no entorno da Matriz se desenrolava a religiosidade, acontecia na cidade, nos seus pontos mais distantes, escuros e misteriosos, os costumes estranhos que até hoje não conseguimos entender. (Caso alguém queira explicar, favor fazê-lo através do nosso endereço eletrônico).
Naquele tempo os portões das casas não eram, ainda, verdadeiras fortalezas. Eram mais que tudo peças de enfeite da frente da casa.
Pois bem, pessoas de bons antecedentes, dispunham-se a retirá-los e escondê-los nos matos que circundavam a cidade. As vítimas dessas bobagens tinham grande trabalho para localizar os portões e alguns, as vezes, tinham que mandar fabricar outros para repor.
Paralelamente aos sumiços dos portões havia, também, grupos que se ocupavam de sorrateiramente (para não dizer roubar) pegar galinhas em galinheiros da cidade, que viravam pratos suculentos, principalmente, a polenta com galinha.
Eram costumes que, evidentemente, pela sua natureza foram perdendo a força.
O duro é que agora, pelo recrudescer da bandidagem, chegamos a Ter saudades desses costumes, que se incomodavam com o desaparecimento de bens materiais, tinham um romantismo de ser praticados uma vez por ano, dentro de uma inocência, que hoje não vemos mais.
Segundo dona Maria são os sinais do tempo.
Concordo mas, com veemência, próprio de quem viveu aqueles tempos, digo:
— Porque será que os sinais do tempo não mudam só as coisas ruins dos costumes dos seres humanos?
Dona Maria replica:
— O que seria do aprendizado do homem? E a sua necessidade de enfrentar desafios para crescer?
Depois dessa, só me resta fechar os olhos para ouvir as matracas, rezar e lembrar-me da beleza dos moços e moças dando voltas no jardim.
O frio, no entanto, não impedia que o jardim da Praça Barão de Araras ficasse cheio de gente.
Eram os moços e moças que aproveitavam a espera da procissão para usar o melhor meio de paquera daquela época.
O ambiente era, no mínimo, espetacular.
O matraquear das matracas em volta da Igreja Matriz, acionadas pelos coroinhas (espécie praticamente extinta), uns mais outros menos entusiasmados, juntava-se aos mais católicos que rezavam lá dentro da igreja, guardando o corpo do Cristo e mais moços e moças no passeio interminável das voltas em torno do jardim.
Na verdade o clima de consternação pelo sofrimento de Jesus terminava na linda procissão do encontro, cujo momento máximo acontecia na praça do filtro, na frente do Instituto N.S. Auxiliadora. A representação do filho encontrando a mãe era um momento de eterna ternura.
Havia, é claro, uma certa dispersão dos propósitos religiosos naquelas noites, mas na grande maioria, os ararenses que se dispunham a participar dos eventos mostravam uma religiosidade que até hoje permanece, se bem que em demonstrações diferentes daquele tempo.
Enquanto no entorno da Matriz se desenrolava a religiosidade, acontecia na cidade, nos seus pontos mais distantes, escuros e misteriosos, os costumes estranhos que até hoje não conseguimos entender. (Caso alguém queira explicar, favor fazê-lo através do nosso endereço eletrônico).
Naquele tempo os portões das casas não eram, ainda, verdadeiras fortalezas. Eram mais que tudo peças de enfeite da frente da casa.
Pois bem, pessoas de bons antecedentes, dispunham-se a retirá-los e escondê-los nos matos que circundavam a cidade. As vítimas dessas bobagens tinham grande trabalho para localizar os portões e alguns, as vezes, tinham que mandar fabricar outros para repor.
Paralelamente aos sumiços dos portões havia, também, grupos que se ocupavam de sorrateiramente (para não dizer roubar) pegar galinhas em galinheiros da cidade, que viravam pratos suculentos, principalmente, a polenta com galinha.
Eram costumes que, evidentemente, pela sua natureza foram perdendo a força.
O duro é que agora, pelo recrudescer da bandidagem, chegamos a Ter saudades desses costumes, que se incomodavam com o desaparecimento de bens materiais, tinham um romantismo de ser praticados uma vez por ano, dentro de uma inocência, que hoje não vemos mais.
Segundo dona Maria são os sinais do tempo.
Concordo mas, com veemência, próprio de quem viveu aqueles tempos, digo:
— Porque será que os sinais do tempo não mudam só as coisas ruins dos costumes dos seres humanos?
Dona Maria replica:
— O que seria do aprendizado do homem? E a sua necessidade de enfrentar desafios para crescer?
Depois dessa, só me resta fechar os olhos para ouvir as matracas, rezar e lembrar-me da beleza dos moços e moças dando voltas no jardim.