segunda-feira, 20 de abril de 2009

Arraial da alegria


Julho de 2001

A vida continua, sempre.

As palmas insistentes, quase de cobrador, chamaram a minha atenção.
Enfiei a cara pela janela e atendi:
— Pois não!
— Seu Vernil vai querer verduras hoje?
— Hoje não. Muito obrigado. Passe outro dia.
— O cheiro verde está muito bonito.
— A mulher saiu e só ela resolve este assunto. Obrigado.
O homem da verdura deu meia volta e saiu em direção à casa do meu vizinho.
Aproveitando o esforço feito para sair à janela, estiquei o momento lançando meu olhar para o mini jardim de minha casa.
A rosa pequena de cor rosa estava despetalada. Era a inequívoca mostra da ação do tempo.
A matéria não é eterna. Vive reciclando-se, formando-se, reformando-se e mais uma vez transformando-se..., cada vez mais forte e bela, sob as leis do Criador.
Fechei os olhos e agradeci a Deus pelo meu corpo, pela minha vida e tudo.
A pontada na barriga da perna me trouxe de volta à realidade e à lembrança da Festa Junina do IDE, no dia 30 de junho.
Poucas vezes a gente tem oportunidade igual a daquele sábado.
O sanfoneiro e o tecladista, que compunham o conjunto musical, rasgaram os ares com velhas, conhecidas e desconhecidas modas, animando o baile. O chapéu e a vassoura propiciaram as mudanças de pares que embalados nas saudades de uns e no vigor físico de outros, viveram momentos de alegria.
Houve momentos divinos, como no momento em que eu dançava com exímia dançarina.
Acredito que por caridade ela colocou um sorriso em seus lábios e me cumprimentou:
—— Puxa como o senhor dança bem!
Mal sabia ela que eu tinha plena consciência de que os meus grandes pés, insistentemente, tomavam o caminho da direita quando o certo era rumar para a esquerda. Que Deus a abençoe pela paciência.
A sorte é que a mescla entre jovens e mais antigos deram nome ao baile: Festa Junina.
Se fossem só jovens o Baile teria o seguinte nome: Baile dos adolescentes!
Se fossem só mais antigos teria o nome de: Baile do desmanche!
Aliás, gostaria de saber o estado físico daquele senhor de barbicha. Pulou tanto, tanto, que deve ter passado o domingo na salmoura.
Na verdade o nome do Baile pouco valor acrescentaria ao evento, que aconteceu singelo.
O ponto alto, no entanto, foram os quitutes oferecidos. Louvor para um “Cuscuz”, apesar da pimenta, que, infelizmente, foi o primeiro a acabar.
O quentão (sem pinga, ou seja, chatão) e o chocolate quente garantiram a temperatura da festa.
Além disso, a festa serviu para alertar os jogadores de tênis, da necessidade de praticarem outros esportes para não sofrer de dor na batata da perna, por causa de uma sambadinha na festa junina.

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