A quaresma, hoje em dia, já não é a mesma daquele tempo.
Naquele tempo o Inferno era um lugar mais conhecido e, com certeza, muitos dos meus amigos e eu próprio, já nos sentíamos definitivamente instalados, mais dia menos dia, entre os caldeirões de óleo fervente que, por certo, haveriam de nos cozinhar eternamente.
Passaram se os anos e, apesar de todas as intimidações, estamos, todos nós, ainda, convivendo com os mais santos que estavam destinados a lugares menos agressivos, tais como o Purgatório e o Céu.
Agora, cientes das coisas da vida, raciocinamos se valeram alguma coisa tantas horas de bater a matraca em volta da Matriz.
Pode até não ter valido a pena, mas a tarefa tinha os seus fascínios.
Assim como, o Lava Pés, o Sermão das Sete Palavras, a Procissão do Enterro e a Procissão do Encontro que, me lembro, proporcionou-me assistir o mais belo de todos os amanheceres que vi em toda a minha vida.
A experiência manda que a análise seja feita baseada naquilo em que acreditávamos.
Neste caso, cada ato, cada oração, valeu a pena.
A fé robusteceu os nossos espíritos e hoje somos o que somos graças a formação que tivemos, de muito respeito, às coisas divinas.
Hoje acreditamos em coisas que sendo diferentes, não são tão diferentes, pois, ainda, são baseadas na Fé que nos diz que cada um de nós é o retrato das nossas obras.
E, assim, trazemos dentro de nós o próprio Céu, o Purgatório, ou o Inferno, de conformidade com as nossas atitudes.
Hoje vangloriamos as verdades e a lógica e, por certo, só fazemos isso porque em nós havia espaços criados pela Fé de antigamente, que se não são baseadas nas verdades que hoje defendemos, começou a ser instalada a partir da nossa crença em Deus e no respeito pelo Evangelho de Jesus.
Assim, não creio que haja conflito entre a nossa Fé de ontem e a nossa Fé de hoje. Entre as duas apenas um interregno de tempo e um tomar ciência da realidade acompanhada da experiência de vida de cada um.
Acreditar em Deus, viver segundo o Evangelho que Jesus nos trouxe a nossa progressão espiritual, vista do nosso bom proceder que nos coloca mais perto da sabedoria.
Tanto melhor que não haja Inferno para onde nos mandem.
Mas, toda a atenção é pouca, para não criarmos o nosso Inferno particular, que se não é eterno é tão ruim ou pior, pois que não há Infernos que não sejam ruins.
Parta tanto a receita é: Amarmos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.
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