sexta-feira, 29 de maio de 2009

Saudade

A saudade bateu e o vento fez as minhas lágrimas geladas.
Como não sentir saudade daqueles que me trouxeram ao mundo; daquele que me deu o primeiro presente de Natal; daquela que me levou para os primeiros estudos após o primário; daquele que me ensinou a simplicidade da vida no campo; daquela que exemplificou o sofrimento.
A obrigatoriedade da morte do corpo, separação triste que marca a evolução incondicional do espírito, propicia o reposicionamento dos nossos sentimentos e, através de análises provocadas pela ausência sentida, que chamamos de saudade, permite a avaliação do quanto eram amados por nós aqueles que nos deixaram.
Somos levados, pela saudade, a lembrarmos dos bons momentos.
Os atritos da convivência perdem sentido e deixam aflorar o sentimento que cada um desses momentos exigiu.
Sempre, por trás da censura, havia um direcionamento para o bem, uma preocupação com o futuro.
Hoje, caminhando pelas nossas próprias pernas, no “front”, onde se travam as batalhas e ocasionam os atritos da convivência, no atendimento dos anseios de cada um dos personagens que representam as nossas vidas, sentimo-nos sós e obrigados a agir sem certeza do bom resultado.
Apesar da fé de cada um, apreensivos, com rápidos movimentos, buscamos os que poderiam nos ajudar e só encontramos o sentimento de saudade.
Não era assim no começo das nossas vidas.
Por que então, agora, essa solidão?
Porque agora meu irmão é a nossa vez de servir de exemplo, de ensinar caminhos, de ajudarmos e começarmos a fazer a saudade que os nossos irão sentir quando estivermos do outro lado da vida.
Como não sentir saudade?
A roda da vida, no aprendizado que patrocina, faz de nós hoje exemplo, amanhã saudade, num interminável treino de amar a caminho da eternidade.
A separação de hoje é a saudade que enseja o anseio do reencontro, neste ou num outro mundo, mais afeiçoados e mais sábios para as coisas da vida.
A saudade, portanto, quando chega a nós, provocando as lágrimas geladas pelo vento, é um pleito de reconhecimento do cuidado que tiveram por nós, os nossos pais, tios, tias, amigos, amigas e todos que nos ajudaram a viver as nossas vidas.
E, principalmente, nos dá a certeza que seremos, também, amanhã, saudade em muitos corações.



sábado, 23 de maio de 2009

As mães se entendem


Mais uma vez o espírito, após ele ferrar no sono, estava fazendo uma visita ao nordeste brasileiro.
Viu aquela mãe, magra, com o rosto queimado pelo sol, escondendo os cabelos sem penteado, num lenço surrado e sujo.
Viu o mingau que ela acabara de fazer com algumas folhas de plantas, desconhecidas dele, engrossado com farinha na água salobra e, ao mesmo tempo, conseguia ler os pensamentos dela.
ººº Será que isto vai ser o suficiente para matar a fome do meu filho. Eu avisei ao Raimundo que os mantimentos não iam dar até que ele voltasse. Homem teimoso meu Deus do Céu. Agora fico eu com fome e o coitado do nosso filho ter que engolir este caldo. Bem, é o que temos, confiemos na providência divina.
Ele lendo estes pensamentos, lembrou-se que no jantar daquela noite, ele fizera cara feia para umas batatas que não estavam macias como ele gostava, quando cozidas inteiras e, reclamando com a sua mulher, acabou por jogá-las no lixo. Se ele pudesse iria buscá-las para entregar àquela mãe.
Continuou lendo os pensamentos da mulher.
ººº Graças a Deus somos todos fortes e com saúde. Com certeza nós vamos agüentar. Raimundo há de arrumar algum serviço para fazer e, quando menos a gente esperar, ele aparece com comida para todos nós.
ºººJá passamos por situações piores e agüentamos. Depois se o Coronel não se esquecer das promessas que fez, de ajudar a gente conseguir furar um poço profundo para não mais faltar água vamos ficar muito bem.
ºººQuando é que o dinheiro vindo do governo iria chegar e acabar com esta miséria. O coronel disse que isso demora um pouco. Enquanto isso vamos tocando a vida.
Caso o seu espírito olhasse num espelho àquela hora veria o seu rosto rubro de raiva. Onde já se viu manter estas criaturas humildes, trabalhadoras e tão puras com estas promessas. Se a memória não estivesse falhando, isto era papo de mais de 30 anos atrás. O governo cansou de tirar dinheiro dos impostos pagos, principalmente pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, exatamente para que em todo o nordeste tivesse um pouco de água. Mas, as notícias que ele tinha era a de que faltava água em todo o nordeste. Soltou o ar dos pulmões e disse para si:
— Bem não vamos começar a tratar deste assunto outra vez.
Imediatamente à sua fala, como que por encanto, um clarão atravessou o telhado mal feito do casebre do nordeste e nele flutuando ele viu a Virgem Santíssima.
A radiosa figura acenou fazendo uma cruz no ar na sua direção e sentiu-se como que enfaixado por algo invisível. A virgem sorriu e foi em direção àquela mãe, cujo sofrimento consistia na falta do que dar de comer ao seu filho. Ele fez força para dizer alguma coisa, mas a sua voz ficou presa na garganta e ele não conseguiu emitir nenhum som.
A Santa que deixava um rastro de minúsculas estrelas atrás de si, chegando perto da mãe, esticou as sua mão direita e acariciou-lhe a cabeça. E com voz de indescritível beleza falou:
— Minha filha, o sofrimento que esta experimentando, juntamente com o seu querido filhinho, ninguém pode imaginar o tanto de luz que está fazendo vocês dois ganhar. O prêmio por tal iluminação espiritual é uma casa no Reino de Deus, onde existe, realmente, a felicidade. Não se desespere, mantenha a calma e tudo vai se arranjar. Não se esqueça, porém, minha filha que almejar a felicidade é um direito de todos. Reivindicá-la, sem exacerbações, é um exercício de cidadania do ser humano na Terra. Não se desespere. Os homens aos quais muito foi dado, vão ter prestar contas do uso dos bens, neste mundo mesmo. Caso não seja nesta, com certeza, será numa outra encarnação, em situação igual ou até pior pela qual você está passando. E não fique pensando, que os que com suas omissões permitem os desmandos dos gananciosos, serão poupados. Eles vão colher o que estão semeando. Todos os seres humanos do mundo estão sob as leis de Deus.
A imagem subiu pela mesma luz que a trouxe e deixou naquela casa uma paz que envolveu a mãe e o filho, e, também, o espírito daquele viajante astral.
Aos poucos os seus movimentos foram voltando até que ele pode dizer:
— Graças a Deus.
Ficou mais algum tempo imóvel e se deu conta que nada mais nada menos que a mãe de Jesus estivera ali. As mães se entendem.
Respirou profundamente e com um tremor acentuado acordou e assustou-se com sua esposa sentada na cama, em prantos, repetindo:
— Eu vi a mãe de Jesus!
— Eu vi a mãe de Jesus!
Os seus olhos encheram se de lágrimas, também.

domingo, 17 de maio de 2009

As cabeçadas da vida

Encontrei-me com um amigo de muitos e muitos anos, com o qual não conversava longamente desde o tempo em que, ainda jogávamos futebol.
Passamos uma revisão no tempo e falamos de nossas famílias.
O engraçado é que após a conversa chegamos à seguinte conclusão:
Todos os pais de famílias, pelo menos os que são nossos contemporâneos, enfrentam com os filhos problemas de intensidade igual e de natureza diferentes. Todos eles, no entanto, machucam o coração.
Uns relegam os pais, por causa da idade, ao plano de espera da morte. Acham que todas as experiências dos pais foram vividas e, por isso, os transformam, digo melhor, tratam-nos como verdadeiras múmias vivas.
Outros, premidos pela necessidade, às vezes se mandam por este mundo de Deus e relegam os pais ao esquecimento. Outros se acham sufocados pela presença dos pais, sem pensar no sofrimento que impõe a distância, mudam de casa e, muitas vezes até de cidade. Outros, ainda, casam-se e começam a tratar os pais como se fossem desconhecidos.
Dona Maria, minha vizinha, que me ajuda a entender e a compreender o mundo em que vivemos, sabiamente, a respeito disse:
— São necessidades de viver experiências que lhes preparam o amadurecimento.
Consultando o meu estoque de paciência com filhos, fui obrigado a concordar com a sábia mulher.
O fato é que fico sem ação, sem atinar com que fazer para remediar a situação. Como sair do estado de amor total, para a ausência e o descaso do ente querido.
Aquele sentimento de posse, que todos nós possuímos, fala alto e a luta intestina mexe com os nossos íntimos produtos químicos, provocando “stress” e outras mazelas.
Na nossa conversa, eu e meu amigo, esgotada a nossa capacidade de reclamação aturdida, chegamos à conclusão que não poderemos transferir aos nossos filhos as nossas experiências.
Resolvemos, e isso foi o momento de grande incentivo entre nós, apesar de todos os dissabores, esquecimentos, ou todas as más criações dos nossos filhos, jamais cortar a nossa comunicação com eles. Insistir nas visitas e diminuir o nosso nível de aconselhamento.
Pois, com certeza, sabemos que o mundo e o tempo, com suas exigências e tentações, serão os mestres.
Ficamos combinados de ficarmos rezando para que o aprendizado ocorra sem muitas cabeçadas.

domingo, 10 de maio de 2009

Amor, Regra Básica



A reforma interior no AMOR é necessidade imperiosa.

A exteriorização deste AMOR, em auxílio ao próximo, é imperiosa.

As regras básicas são estas e os demais qualificativos são de natureza meramente complementar.

Não devemos nos preocupar com a quantidade de bondade ou de maldade; a todos, igualmente, devemos dedicar o AMOR.

A nossa pátria verdadeira é o universo e, ainda, não evoluídos, não conseguimos olhar com sentimento mais profundo para outros irmãos, que não partilham conosco os ambientes mais conhecidos.

Estejam certos, porém, que à medida de nossa iluminação espiritual, aprenderemos AMAR a todos os nossos irmãos do universo, conforme os ensinamentos de JESUS CRISTO

sexta-feira, 1 de maio de 2009

É hora de melhor divisão


A coluna vertebral depois de determinada quilometragem perde o seu efeito de amortecedor e dói.
Neste dia do trabalho, logo pela manhã, apesar dos efeitos de ter ficado com a neta no colo por muito tempo, sentei-me diante do computador e busquei fazer uma reflexão sobre este dia.
Quando eu era um menino, e isto já faz muito tempo, a minha expectativa e a de todos os garotos da minha idade era recebermos os nossos diplomas e escolher onde iríamos trabalhar.
Não havia preocupação naquela época com relação à falta de emprego. Se houvesse determinação, com certeza, o emprego aparecia.
Hoje já não é mais assim.
A mecanização, os recursos da computação e, principalmente a chegada das mulheres disputando as vagas de trabalho existentes, trouxe a preocupação com relação ao emprego que todos precisamos para vivermos decentemente.
Este novo problema nada mais é que o resultado do progresso do mundo e, como tal, deverá ser enfrentado pelos homens com todo o manancial de recursos que ele tem à sua disposição nos dias de hoje.
É uma questão de tempo.
Neste meio tempo, com certeza, haverá necessários desconfortos para alguns, provocados pela falta de empregos.
Mas pouco a pouco o homem, que deverá rever suas metas de satisfação material, haverá de resolver o problema.
Baseada em que a certeza deste desfecho.
Baseada na força da maioria, que se colocada sob os efeitos da falta de emprego e da impossibilidade de viver com sua família uma vida decente, por certo reagirá, empregando o conhecimento que a globalização está lhe permitindo.
A massa criará as condições para a solução do problema, mesmo que tenha que tomá-la das mãos dos que se negarem a reconhecer a nova realidade da convivência social.
Neste momento os fatos que dia a dia se complicam, surpreendendo a população com violências insuspeitadas na minha meninice, ou serão anulados por uma divisão adequada dos bens do mundo, ou estes bens serão disputados numa peleja que dificilmente terá um vencedor.

Amar-nos como Deus quer


Jesus quando esteve aqui na terra enviado por Deus, para servir de referência para humanidade com os seus exemplos, apesar de todas as tentações, ensinou que todos devem se amar.
Para especificar este Seu ensinamento, de maneira clara e inequívoca, recomendou que cada um de nós amasse o próximo como a si próprio, ou conforme Ele nos amou.
Analisando, mesmo sem muito esforço, vemos claramente a preocupação do Homem de Nazaré, em valorizar a vida.
De fato, enquanto houver vida, o homem, com sua contribuição, através dos seus atos, interagindo com a natureza, louva o seu criador e fomenta o progresso, seu e do meio em que vive.
Nos tempos idos, os seguidores dos ensinamentos de Jesus, perseguidos pelos que temiam a implantação do amor na Terra, morreram barbaramente torturados. Nenhum deles, mortos por feras no circo, crucificados, enforcados, incendiados, apedrejados, levantaram a mão para agredir os seus carrascos.
O mundo hoje, no entanto, abriga homens de cabeça com realidades diferentes.
Chocante fica, pelo menos com o que os jornais divulgam, que os seguidores da Religião Islâmica, que se organizam e criam brigadas suicidas, que morrem matando montes de pessoas inocentes.
Sabemos todos, tanto os islâmicos quanto os Cristãos e outros que o Criador é um só e, por isso, não conseguimos entender o comportamento de suas criaturas, que num caso pregam o amor e exaltam a vida, enquanto noutro caso buscam a morte e no ato se tornam assassinos dos seus irmãos.
Mesmo que as culturas sejam diferentes, desde que não sejam selvagens que é o caso da milenar história da grande maioria dos povos Islâmicos, não se pode entender o ato de matar-se matando. Nem mesmo o ato de matar-se é explicável, para qualquer mediana inteligência, quanto mais matar outras pessoas.
Tenho para mim que as interpretações da filosofia e doutrina da Religião Islâmica está sendo incorretamente interpretada e, o que é pior, ensinada ou incutida com elevada dose de interesses escusos.
A Selvageria que tomou conta da Palestina e, agora, ganha outros palcos no mundo tem que ser contida. Estão errados os que são atacantes e os que reagem aos ataques.
As Nações Unidas, enquanto órgão que congrega todos os países do mundo deveria ser acima das ideologias, a guardiã da vida. Qualquer assassinato, em qualquer território na face da Terra, teria que se haver com o órgão mundial.
Mesmo porque, todas as nações que estão representadas na ONU, o são por homens que, no mínimo, são cultos e muito longe de serem selvagens.
Assim, quando se tratar de vidas humanas, será que eles não poderiam entrar em entendimento e encontrar uma solução pacífica para o problema?
Ou vão continuar como até agora, conversando, conversando, conversando...