quinta-feira, 19 de junho de 2008

Coisas sem fim




O homem só, ensimesmado, olhando o chão, caminhava com passos lentos e pesados.

Acostumado a resolver problemas, mas, desta vez, o problema não se resolveu.

Deu de ombros e pensou quase alto, se não há solução, solucionado está.

Se fossemos mais atenciosos teríamos visto que aquilo que o homem ensimesmado enfrentava era, cotidianamente, enfrentado por todos nós.

Temos passado pela vida, acertando remendos aqui e ali e, no cerne dos acontecimentos, de repente surgem os problemas com os quais não conseguimos lidar.

São amores não correspondidos; são doenças insidiosas; são viagens inesperadas; são nervosos que se descontrolam; são insuspeitos que apaziguam; são sábios que se desesperam; são iletrados que ensinam; são bravios que erguem a mão em paz.

Tudo isso e não podemos sequer pensar em parar. É preciso ir em frente, como se fossemos o coelho do país das maravilhas, que ininterruptamente consulta o relógio e como uma máquina a vapor faz rodar o tempo em cima dos trilhos.

Qual a razão da vida, afinal?

Afiançamos que, apesar de não vermos ou percebermos, na medida em que o tempo avança, engolindo os quilômetros que tem que percorrer, em todas as direções, em todos nós vai se agregando minúsculas produções da divindade, que se encarrega de dar a cada um, na quantidade exata, estas invisíveis qualidades que acabamos por conquistar, sem que nos apercebamos, no desenvolvimento das nossas vidas, solucionando aqui, não solucionando ali, mas, sempre, juntando um pouco mais de conhecimento, robustecendo a qualidade dos nossos espíritos.

Para que isso tudo?

Não nos atrevemos a pensar.

Mas, dentro de nós, como dentro de cada um de nós todos, o sentimento de Deus é certeza.

E Deus, meus queridos, não haveria de criar-nos tão perfectíveis, caso não tivesse, para todos nós um objetivo grandioso. Tão grandioso quanto todo o Universo.

Parece-me ouvi-lo dizer: Para um Universo sem fim, um ser de possibilidades sem fim, também.

Assim, ensimesmado, o homem continua valorizando a vida. Cada minuto é um desafio a vencer.

Pequenos no entendimento devemos nos despreocupar de procurar enxergar o objetivo da vida, procuremos é tentar vivê-la tentando multiplicar as nossas mãos para podermos ajudar cada vez mais, certo de que o possível, sempre vai acontecer e as coisas que temos que creditar aos acontecimentos impossíveis, podem se tornar uma realidade se o nosso estender de mãos estiver cheio de esperança na providência de Deus.

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