— Bom dia, seu Vernil, como foi de viagem.
— Muito bem, graças a Deus.
— Poços de Caldas continua bonita e fria?
— Desta vez não. Apesar de todo o tempo indicando
chuvas e das nuvens extraordinariamente carregadas, o calor esteve presente e
ela, ainda mais bonita.
— O senhor sabe que os casais da região e,
principalmente, de Araras costumam passar a lua de mel lá em Poços.
— Claro que sei. Só na minha família são três
casais: o meu primo; meu cunhado, que Deus o tenha; e um dos meus irmãos.
— Eu mesma, seu Vernil, passei minha lua de mel lá
na cidade mineira. Gostei muito e as recordações que guardo são maravilhosas.
Sem contar que, naquele tempo, não havia a organização de turismo que hoje há.
A feirinha, as fontes luminosas, as casas de queijo e doces caseiros.
— Desta vez nós, minha mulher e eu e mais os meus
primos, tivemos sorte ao subir pelo teleférico para o Cristo Redentor. O sol
que tudo iluminava e as nuvens que se afastaram, permitiram uma visão
maravilhosa da cidade e no outro lado um horizonte cortado por montanhas azuis
e soberanas. Foi um belo passeio.
As Thermas passam por reformas e, desta vez, tivemos
que nos contentar com o banho alternativo de água sulfurosa. Todos ficamos
macios depois do banho.
— E as novidades daqui?
— Tudo continua como dantes no quartel de Abrantes.
O governo federal já engatou a primeira, mas o carro está frio e, pelo jeito,
não tem muita gente fazendo a força que devia para ele sair do lugar, deve ser
por causa da adaptação, por enquanto está mais FHC do que nunca; na cidade, por
ora, tudo é superfície, e, mesmo o índice de mortalidade infantil deveria ser
publicado todos os meses; além disso, os pobres continuam empobrecendo e os
ricos enriquecendo, nós "imergentes", por enquanto, estamos sem saber
o que vai acontecer, graças à aposentadoria que nos obriga a viver lutando, com
todas as nossas forças, para mantermos a nossa dignidade.
— Bem, dona Maria, lembrando-me do adágio popular:
Não há mal que sempre dure... Continuamos com as esperanças de que o governo,
honestamente, proponha pagar a dívida para com os “contribuidores” da
previdência, pois foram os governos que o antecederam, que por longos e longos
anos gastaram o nosso dinheirinho em coisas que não nos diziam respeito, por
isso nos devem. A reforma da previdência só vai ser honesta se tiver no seu
bojo esta correção.
—Deus te ouça homem e os anjos digam amem.
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