segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Anjos Guardiões

Anjos guardiões

 

 

Vernil Eliseu – 01/06/2004

vernileliseu@gmail.com

 

Dona Maria veio visitar-me.

Como de costume, o café com bolo logo foi servido.

O papo correu solto. Lembramo-nos de muitos momentos em que eu e minha amiga, de maneira espontânea construímos um pedacinho das nossas histórias.

Como não poderia deixar de ser, também, dona Maria quis saber de pormenores da cirurgia a que fui submetido 12 dias atrás.

— E então seu Vernil, tá pronto para outra?

— Deus me livre dona Maria, apesar da simplicidade da intervenção e da capacidade do médico é uma coisa que não desejo para ninguém.

— Entendo perfeitamente. Agora o senhor está tão bem que nem parece que está convalescendo de uma operação.

— É verdade. Sabe, minha amiga, que nestas ocasiões é que temos a oportunidade de avaliar, mais profundamente, as pessoas que trabalham num hospital.

— Acho que é o medo que nos torna muito mais observadores a ponto de captar os mínimos detalhes do desempenho das pessoas.

— Acho que é bem por aí. A gente fica totalmente exposto e isso, quando estamos com cérebro alerta, aguça ao extremo a nossa atenção.

— Graças a isto pude ver o carinho e o desvelo com que fui tratado por todos e, principalmente, pelo corpo de enfermagem do Hospital São Luiz.

— Todas as informações pedidas foram gentilmente dadas e na hora da agulhada, muita capacidade.

— Por isso, dona Maria, que devo publicamente agradecer os profissionais, que transformam aqueles momentos de apreensão numa demonstração de competência e carinho. Nos dias de hoje isto não tem o que pague.

— Pelo jeito o senhor gostou e é bem capaz de fazer força para voltar lá.

— Não chego a tanto. Mas se precisar voltar a ser internado, consciente ou inconscientemente, estou certo que terei um tratamento nota 10 e se disso depender a minha vida, estarei entregue a mãos confiáveis.

— Então, meu amigo, todos lá têm asas?

— São uns anjos e só não exibem as asas porque têm mais pacientes para atender e nem dá tempo. Batem tão rápidas que não conseguimos enxergar.

— Deus lhes pague.

  

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