sexta-feira, 17 de agosto de 2007

O aniversário




É gozado como as coisas de hoje são diversificadas.

Uma das coisas mais votadas, com certeza, é o tal de karaokê.

O aniversário comemorado com um saboroso churrasco corria célere com os rapazes e moças se revezando ao microfone. Cada um escolhia a música de sua predileção e acompanhando a facilitação no monitor, vivia o seu momento de Zé Ramalho ou de Ivete Sangalo.

Eram um primor as interpretações.

Os pontos conseguidos eram perto de 100.

De interpretação para interpretação a qualidade aumentava.

Perto dali o churrasqueiro inventava novas maneiras de assar as carnes. Imaginem que até panceta temperada no álcool a criatividade do homem nos ofereceu.

No outro lado, no campo de futebol social, a molecada judiava de uma bola. Os bicões contrastavam com a satisfação dos participantes do futebol que estava longe do jogo que estamos acostumados a ver pela televisão.

Na piscina os cuidados se multiplicavam com os pais e mães cuidando para que seus filhos, ainda pequenos, não corressem perigo de se afogarem.

Além disso, abandonados e espalhados por toda a área onde se desenvolvia a festa, os brinquedos, presentes ganhos pela aniversariante aguardavam, com paciência invejável a volta da meninada para ganharem vida outra vez.

Sentados com o refrigerante à nossa frente eu e minha irmã, sem obrigação de olhar a criançada, comentamos:

No nosso tempo não tínhamos nada disso à nossa disposição.

Era a boneca de pano ou a bola de borracha, quando algum vizinho nos presenteava, além é claro do bolo colorido, fortemente, com a anilina azul escuro.

Comparado com as disponibilidades de hoje os nossos aniversários, quando lembrados, eram muito pobres.

O engraçado, no entanto, era a nossa imaginação de crianças encher de expectativas os dias de nossos aniversários. Parece-nos que o valor da data, naquele tempo, tinha uma cotação mais importante do que hoje se da a este dia, apesar de toda a parafernália colocada à disposição das crianças.

Apesar disso uma ponta de inveja surgiu nos nossos olhares, meu e de minha irmã, e desejamos que aquela festa fosse a comemoração de nossos aniversários.

Voltar no tempo é impossível.

Mas desejar não. Por isso, eu desejo uma festa de aniversário para a minha irmã.

Um comentário:

Anônimo disse...

Acho que apesar dos aniversarios de antigamente serem "pobres" havia muito mais riqueza nas pessoas e nos sentimentos, podemos hj ter aniversários cheios de parafernálias e termos um coração vazio... pobre...