domingo, 7 de outubro de 2007

A força das rosas


— Quem manda no Brasil?
— Pelo pouco que sei, dona Maria, não temos quem mande no Brasil. As instituições que compõem o Estado brasileiro é que mandam no Brasil. Assim, algumas pessoas mandam mais que as outras nas instituições mas, no Brasil, individualmente ninguém manda.
— E o F B M, não manda nada?
— Quem é este F B M, dona Maria?
— Bem se vê, seu Vernil que o senhor anda meio por fora. É o todo poderoso chefe do submundo, Fernandinho Beira Mar!
— Numa demonstração de poder e de articulação, colocou em cheque as autoridades constituídas. Primeiro foram os que pensam que mandam no Estado do Rio de Janeiro e depois os que pensam que mandam no Brasil.
— F B M é tão poderoso que, mesmo preso numa prisão de segurança máxima, planejou e comandou a bagunça lá no Estado do Rio de Janeiro. Por conta das ações dos comandados de F B M, ônibus foram queimados, comerciantes não abriram as portas do seus estabelecimentos e o povo de olho arregalado manteve-se dentro de casa, com medo de sair para o trabalho ou de ir à praia.
— É o fim da picada, dona Maria! É um poder paralelo que, todos os dias, por este Brasil afora, mostra a força que tem, enquanto as autoridades ficam discutindo quem é que vai peitar os bandidos.
— É indiscutível, seu Vernil, que a polícia, debilitada pelas suas mazelas, não consegue combater o crime como deveria.
— Ainda bem que o Carnaval vem aí e por conta do Reinado de Momo, a alegria vai ficar em evidência, apesar do perigo, cada vez mais real do crime tomar conta de todos nós.
— Falando de amenidades, dona Maria, como vai o seu jardim?
— Cada vez mais bonito, seu Vernil. Imagina que as rosas vermelhas continuam dando o tom e, como o senhor disse, elas são, graças a energia que possuem, fonte de tranqüilidade lá no meu cantinho.
— Por certo, dona Maria, sozinhas elas não farão a felicidade de ninguém, mas com elas, agir e conquistar a felicidade fica mais à mão.
— É verdade. Sabe seu Vernil, numa destas noites passadas, tive um sonho muito expressivo. Já há algum tempo que eu vinha sentindo muita saudade de minha mãe, morta faz muito tempo. Nesse sonho, caminhando por um caminho todo arborizado, de repente, apareceu à minha frente minha mãe, mais bela que nunca, com fisionomia descansada e irradiando muita paz, estendeu para mim algumas belas rosas vermelhas dizendo:
— Isso é para expressar o amor que sinto por você e por todos os nossos. Você vai sentir nestas flores a minha presença e através da força que elas representam estenderei a minha mão para ajudá-lo. Deus de abençoe!.
Ela sumiu e eu acordei sentindo no meu peito o abraço que ela me deu antes de partir.

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